Quando me
falaram sobre a possibilidade do transplante, minha primeira reação foi negar,
eu não imaginava que a doença seria tão grave e não podia aceitar que a cura
seria algo tão agressivo, como um transplante.
Foram 3
anos convivendo com essa doença, 3 anos de angústias, de incertezas, lembro do
meu medo diário e preocupação que a minha filha ficasse doente, uma simples
gripe poderia ser fatal.
O
transplante não é a solução perfeita, é como trocar um problema por outro, mas
sem dúvida um problema mais fácil de lidar. Principalmente quando o objetivo é
morar no Brasil, onde as crianças com doenças metabólicas não têm acesso a
exames periódicos e muito menos a fórmula para o tratamento.
A minha
filha teve uma complicação durante o transplante e hoje, exatamente 7 meses
após a cirurgia, ainda estamos lidando com complicações. Mas apesar de tudo, eu
optaria de novo por fazer o transplante.
A Letícia é
perfeita e o seu desenvolvimento me surpreende a cada dia. Às vezes é difícil
acreditar que os dias com MSUD acabaram, parece um sonho se tornando realidade.
Ela ainda
rejeita vários tipos de alimentos, afinal, foram 3 anos sem ingerir proteína,
mas ela gosta de experimentar novos sabores e sempre me pergunta o que estou
comendo. Ela tem a liberdade de abrir a geladeira e escolher o que quiser, sem
privações, sem medo.
E essa não
é a melhor parte, para mim, a tranquilidade de não me preocupar se uma gripe ou
qualquer outro vírus vai aumentar os níveis de leucina e causar uma lesão no
cerébro é sem dúvida o que me faz ter a certeza de que o transplante é a cura.
Muitas mães
me perguntam se elas deveriam optar pelo transplante, o que posso dizer é que
eu sinto que essa foi a melhor decisão que tomei pela minha filha.
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